quinta-feira, 21 de julho de 2011

Começo - Tudo na vida tem um

Bom, esse post tem a pretenção de explicar o começo do processo. Bem, já lí tantos outros blogs que buscam mais e mais razões e explicações para o processo de imigração. Bem, alguns falam sobre as melhores condições sociais (o que eu concordo plenamente), melhores condições econômicas (o que eu concordo em parte), outros que idealizam uma vida fantasticamente maravilhosa (o que eu até concordo, mas é bom ter os pés no chão). Acho que vou explicar o meu começo de uma maneira diferente.

Um pouco de história
Acho que a primeira vez que escutei falar sobre o Canadá foi por uma tia que se casou com um inglês e certa vez fez uma viagem ao Canadá. Bem, assim ganhei minha primeira camisa com a "maple leaf" estampada. Eu era novo demais, mas só me lembro de ouvir coisas boas sobre a viagem. Afinal, viagens de férias são (ou deveriam) sempre boas, certo? Mas talvez esse ainda não seja o começo ou a explicação do meu sonho e vontade de imigrar.

Desde criança (entenda-se por criança o mesmo que "desde que me entendo por gente") sempre ouvi histórias de quando meu pai e meu tio fizeram intercâmbio. Sobre como as coisas eram diferentes, a escola, a rotina. Sempre tive uma ligação grande com a música e o cinema estrangeiros (bom, vale aqui a nota de que o cinema brasileiro, à época, não era permitido para crianças). Acho que tudo isso despertou uma curiosidade e vontade de fazer parte da realidade de um país desenvolvido, com um modelo de escola diferente, além de uma realidade social diferente. Bom, não sei se o texto passa a idéia do sentimento real disso tudo. Mas a verdade é que cresci com a grande vontade de poder estudar fora e depois trabalhar. Bom, não aconteceu :)

Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu na vida: me casei, tive uma filha, comecei uma carreira na área de TI, me formei e me mudei pra São Paulo. Nessa ordem e acho que não mudaria nada (bom, talvez se o "me formei" fosse antes do "me casei" eu me enquandrasse melhor no modelo da minha época, mas foi excelente assim).

Primeira experiência de mudança
Do parágrafo anterior, vou falar um pouco mais sobre o último item, a mudança para São Paulo. Na verdade, sou carioca, mas cresci em Minas Gerais, numa grande cidade do interior. Como qualquer cidade, a cidade em que cresci tem seus problemas, mas tem uma infraestrutura excelente, boas empresas, mas não me permitia muito crescimento profissional. A oferta de empregos com um bom salário é pequena, as boas empresas também (a maioria são start-ups que batalham pesado para se manter). Por esses e outros motivos, comecei a buscar um emprego em São Paulo, afinal, se alguma cidade tinha que oferecer o que eu buscava, com certeza São Paulo ofereceria.

São Paulo é uma cidade incrível, com uma qualidade de vida fantástica (é, é possível) e tenho mais tempo e mais flexibilidade do que jamais imaginei. Tem acesso a lazer e produtos do mundo todo, todo tipo de variedade cultural. Num raio de 200Km tem-se acesso a praias e regiões de serra excelentes para o inverno. Incrível. Mas tem também uma realidade muito dura: a desigualdade.

Mais do que o trânsito infernal (que eu não pego, mas me irrito com a falta de educação alheia), mais do que a poluição (que não escolhe vítimas), a desigualdade me atinge em cheio. É complicado descer do trem depois de 20 minutos em que vejo, no caminho, o shopping mais luxuoso da América Latina e bem ao seu lado, uma grande favela (e atrás dessa, outras gigantes). É difícil pra mim sair de uma loja de cafés trazendo embaixo do braço um pacote de café de mais de R$100/Kg e, no caminho de casa, ver diversas famílias (pai, mãe e filhos) dormindo na rua, em noites frias.

Agora vai ficar meio polêmico, mas vamos lá. Há quem diga que isso é só como a vida é, que isso tem em todo lugar, que tem gente que não tem disposição pra trabalhar. Mas honestamente, não acredito nisso. Não acho que seja possível termos uma diferença de salário nas empresas que seja de mais de mil vezes entre o salário do faxineiro e do presidente. Alguém vai dizer: "Ah! Peraí! Comparar o faxineiro e o presidente?! Tá louco?!?!". Bom, não vejo por que não. Penso que indiferentemente da posição na empresa, todos têm necessidades fundamentais não apenas para sí, mas para a família. Na minha visão a forma de o Estado prover tudo o que a constituição prevê (saúde, alimentação, moradia, educação) é através do emprego. Distribuição de renda real, na minha opinião, chama-se salário. Existem países em que essa diferença é menor, em que o presidente tem um salário entre 5 e 10 vezes ao do menor salário da empresa. Não coincidentemente, também têm menos violência. Acho que a parte polêmica termina aqui. :D

Afinal, por quê Canadá? Por que Québec?
Bom acho que agora ficou claro a minha motivação recente para resgatar o antigo sonho e eis que surge a possibilidade de imigrar para o Canadá: conheci o programa de imigração do Québec. Não foi a primeira vez que busquei informações sobre a imigração para o Canadá, mas a primeira vez em que soube que o Québec tinha requisitos diferentes de imigração e que as chances de ser selecionado poderiam ser maiores. Entrei no site do escritório de imigração de Québec em São Paulo e soube das palestras de informação gratuitas. Inscrevi a mim e minha esposa (umas duas semanas antes) e ficamos aguardando ansiosos para saber mais.

Leia sobre a palestra aqui.

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